Oito pessoas são indiciadas pela PF por causa do vazamento de óleo em subestação da Celesc, em Florianópolis

13/06/2013 21:39

Praticamente cinco meses após iniciar a investigação para apontar os culpados pelo vazamento de óleo no ano passado na Tapera, em Florianópolis, a Polícia Federal terminará o inquérito na próxima sexta-feira. Entre os indiciados estão a cúpula da Centrais Elétricas de Santa Catarina, inclusive o presidente Cléverson Siewert e outros cinco funcionários. Além de um assistente administrativo Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e um fiscal da empresa que fazia a segurança Ondrepsb.

As mais de 600 páginas do inquérito e os 29 depoimentos resultaram na isenção da UFSC como culpada e da empresa de segurança. O delegado Raimundo Lopes Barbosa entendeu que a Celesc era responsável pelos dois transformadores, que apesar de não estarem em operação, continham o poluente e resultaram no despejo de mais de 12 mil litros de óleo isolante no solo e na rede pluvial. 

Barbosa justificou o indiciamento do atual presidente da Celesc Cléverson Siewert, que não estava no cargo quando aconteceu o vazamento, por estar no ponto de diretor de distribuição. O ex-presidente também está na lista, assim como diretor de patrimônio, o supervisor de subestações e linhas elétricas, o assessor de meio ambiente, o chefe da agência em Florianópolis. Todos teriam parte da culpa por estarem cientes que a subestação ainda permanecia como propriedade da companhia, que oferecia risco ambiental e que estava vulnerável. 

Um assistente administrativo da Fazenda Ressaca, nome dado pela UFSC para o local, também foi indiciado por não ter contado a ninguém da administração da universidade sobre o vazamento e um fiscal de contrato da Ondrepsb por não ter avisado nem a empresa de segurança e nem o cliente, a Celesc, sobre o problema. 

Os depoimentos dos dois vigias que trabalhavam na subestação na época, Francisco das Chagas Guimarães e Márcio de Jesus, foram fundamentais para a investigação. Eles fizeram registro das ocorrência num livro que depois foi fiscalizado pela empresa de segurança.

Além dos depoimentos, foram usados como provas um lado feito pela Polícia Federal em Brasília com amostras de solo e de material químico para apontar a contaminação na área. O resultado, que foi divulgado em maio, apontou óleo isolante, mas não ascarel. 

Contraponto

UFSC
A universidade não vai se pronunciar enquanto o inquérito não for totalmente concluído e não tiver acesso à documentação. 

Ondrepsb
O gerente jurídico da empresa, Luiz  Andrey Bordin, tomou conhecimento do indiciamento do fiscal apenas no fim da tarde. Não se considerou com condições de se pronunciar sobre o caso. Antes de falar qualquer coisa, pretende se inteirar da situação. Mas destacou que a empresa sempre se colocou à disposição para esclarecimentos. 

Celesc
Através de comunicado, a companhia informou que a Advocacia-Geral ainda não obteve acesso aos documentos do indiciamento. Mesmo assim, enfatizou que a empresa está prestando todos os esclarecimentos necessários para apoiar a investigação e cumprindo todas as exigências impostas pela Justiça Federal e órgãos ambientais. Assim como está fazendo a recuperação da área e aguardando o término dos trabalhos para avaliar outras providências que serão tomadas.

Linha do tempo 
1º de novembro: acontece o primeiro vazamento
19 de novembro: vigias encontram o segundo vazamento e registram no livro
20 de novembro: fiscal teria visto o livro de registros
19 de dezembro: órgãos ambientais são informados do vazamento
14 de janeiro: Fatma embarga 730 hectares no entorno da área do vazamento
16 de janeiro: Polícia Federal anuncia que vai abrir inquérito para investigar o caso
16 de janeiro: Justiça Federal proíbe a maricultura na Grande Florianópolis
19 de janeiro: vem à tona informação de que alerta sobre vazamento foi feito em novembro

DIÁRIO CATARINENSE